sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Jackie Robinson, o dono da camisa 42

Nos esportes nacionais é pouco frequente a aposentadoria dos números de camisas, apesar de nos últimos anos terem havidos alguns exemplos pontuais no futebol. No Beisebol, assim como na maioria dos esportes comuns nos Estados Unidos, é mais do que usual eternizar a numeração das camisas como forma de homenagear os atletas pelos serviços prestados à franquia. A camisa geralmente fica exposta em algum lugar nos estádios ou ginásios das equipes.
No ano de 1997 um fato muito interessante marcou a temporada. Não foi uma franquia que eternizou um número, mas a própria liga profissional americana de beisebol, a Major League Baseball (MLB), consagrou e aposentou a camisa 42. O antigo dono? Jackie Robinson, o ex-camisa número 42 dos Brooklyn Dodgers (atual Los Angeles Dodgers), o primeiro negro a atuar na história da MLB, em 15 de abril de 1947.
Para se ter uma ideia de quão radical foi a transformação, a MLB existia desde 1869, formada estritamente por atletas brancos. Em meados de 1940 os Estados Unidos conviviam com uma forte política segregacionista, a partir de então, as portas se abriram para os negros que hoje são grandes nomes do esporte. Jackie Robinson quebrou a baseball color line e sofreu com ameaças de morte durante toda a carreira. 
Até o final da década de 40, os negros disputavam uma liga paralela, a Negro National League (NNL), que contava, ainda, com a presença de muitos latinos que viviam nos Estados Unidos. Isso motivava, inclusive, a nomeação das equipes, como: New York Black Yankees e New York Cubans. Os dois times, aliás, possuíam a mesma rivalidade existente entre as equipes nova-iorquinas da MLB: Yankees e Mets.
Mas não só a camisa 42 se eternizou, mas também o dia 15 de abril, em que todo ano é comemorado o Jackie Robinson Day . Nessa data todos os jogadores de todas as franquias entram com o número 42 nas costas e as festividades marcam todas as partidas. Jackie Robinson foi ainda indicado para o Baseball Hall of Fame em 1962, além de ter conquistado diversos outros prêmios como o Rookie of the Year (Novato do Ano), hoje conhecido por Jackie Robinson Award, além de MVP (sigla em inglês para Most Valuable Player, jogador mais valioso) em 1947 e ser selecionado 6 vezes para o All-Star game (jogo das estrelas).
Para os amantes do Beisebol, difícil seria responder o que seria do esporte sem as rebatidas de Barry Bonds ou os arremessos de Pedro Martinez. Sem a quebra da barreira de preconceito que permeava a sociedade, não poderíamos também ter notado Vladimir Guerrero, Magglio Ordoñez, Chien Ming Wang, Alex Rodriguez, Ichiro Suzuki, Mariano Rivera, e muitos outros, já que não eram somente os negros que sofriam com a discriminação nos gramados.
Mariano Rivera, aliás, foi o único atleta que ainda pôde continuar utilizando a camisa 42 até encerrar sua carreira no ano passado e com certeza outro atleta não poderia ter feito as honrarias. Como closer dos Yankees, Rivera, foi um dos melhores de todos os tempos com incríveis 567 saves na carreira, a segunda marca da história, além de ter vencido 5 títulos da World Series pela mesma franquia (mais a frente, em outra postagem, tratarei um pouco sobre como se organiza o desporto norte-americano, por meio de franquias).
"A life is not important, except in the impact it has on others' lives" (Jackie Robinson). Além de craque dentro dos gramados, também se fez notar nas causas sociais e desde 1973, um ano após sua morte, sua esposa coordena a Fundação Jackie Robinson. A instituição colabora na educação e desenvolvimento de jovens carentes, oferecendo bolsas de estudo em universidades, além de promover cursos de formação e liderança. E a frase que inspirou a instauração do Jackie Robinson Day foi dita certa vez por um companheiro de equipe:

"Quem sabe amanhã todos usemos 42, para que ninguém mais consiga nos diferenciar"

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