Jackie Robinson, o dono da camisa 42
Nos
esportes nacionais é pouco frequente a aposentadoria dos números de camisas,
apesar de nos últimos anos terem havidos alguns exemplos pontuais no futebol.
No Beisebol, assim como na maioria dos esportes comuns nos Estados Unidos, é
mais do que usual eternizar a numeração das camisas como forma de homenagear os
atletas pelos serviços prestados à franquia. A camisa geralmente fica exposta
em algum lugar nos estádios ou ginásios das equipes.
No
ano de 1997 um fato muito interessante marcou a temporada. Não foi uma franquia
que eternizou um número, mas a própria liga profissional americana de beisebol,
a Major League Baseball (MLB), consagrou
e aposentou a camisa 42. O antigo dono? Jackie Robinson, o ex-camisa número 42 dos Brooklyn
Dodgers (atual Los Angeles Dodgers), o primeiro negro a atuar na história da
MLB, em 15 de abril de 1947.
Para
se ter uma ideia de quão radical foi a transformação, a MLB existia desde 1869,
formada estritamente por atletas brancos. Em meados de 1940 os Estados Unidos
conviviam com uma forte política segregacionista, a partir de então, as portas
se abriram para os negros que hoje são grandes nomes do esporte. Jackie
Robinson quebrou a “baseball color line” e sofreu com ameaças de morte durante
toda a carreira.
Até
o final da década de 40, os negros disputavam uma liga paralela, a Negro National League (NNL),
que contava, ainda, com a presença de muitos latinos que viviam nos Estados
Unidos. Isso motivava, inclusive, a nomeação das equipes, como: New York Black
Yankees e New York Cubans. Os dois times, aliás, possuíam a mesma rivalidade
existente entre as equipes nova-iorquinas da MLB: Yankees e Mets.
Mas
não só a camisa 42 se eternizou, mas também o dia 15 de abril, em que todo ano
é comemorado o “Jackie
Robinson Day” . Nessa
data todos os jogadores de todas as franquias entram com o número 42 nas costas
e as festividades marcam todas as partidas. Jackie Robinson foi ainda indicado
para o Baseball Hall of Fame em 1962, além de ter conquistado
diversos outros prêmios como o Rookie of the Year (Novato do Ano), hoje conhecido por Jackie Robinson Award, além de MVP (sigla em inglês
para Most Valuable Player, jogador mais valioso) em 1947 e ser
selecionado 6 vezes para o All-Star
game (jogo das estrelas).
Para
os amantes do Beisebol, difícil seria responder o que seria do esporte sem as
rebatidas de Barry Bonds ou os arremessos de Pedro Martinez. Sem a quebra da
barreira de preconceito que permeava a sociedade, não poderíamos também ter
notado Vladimir Guerrero, Magglio Ordoñez, Chien Ming Wang, Alex Rodriguez, Ichiro
Suzuki, Mariano Rivera, e muitos outros, já que não eram somente os negros que
sofriam com a discriminação nos gramados.
Mariano Rivera, aliás, foi o único atleta que ainda pôde
continuar utilizando a camisa 42 até encerrar sua carreira no ano passado e com
certeza outro atleta não poderia ter feito as honrarias. Como closer dos Yankees, Rivera, foi um dos
melhores de todos os tempos com incríveis 567 saves na carreira, a segunda marca da história, além de ter vencido
5 títulos da World Series pela mesma
franquia (mais a frente, em outra postagem, tratarei um pouco sobre como se
organiza o desporto norte-americano, por meio de franquias).
"A life is not important,
except in the impact it has on others' lives" (Jackie
Robinson). Além de craque dentro dos gramados, também se fez notar nas causas
sociais e desde 1973, um ano após sua morte, sua esposa coordena a Fundação
Jackie Robinson. A instituição colabora na educação e desenvolvimento de
jovens carentes, oferecendo bolsas de estudo em universidades, além de promover
cursos de formação e liderança. E
a frase que inspirou a instauração do Jackie
Robinson Day foi dita certa
vez por um companheiro de equipe:
"Quem sabe amanhã todos usemos 42, para que ninguém mais consiga nos diferenciar"
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