Sobre os tais Naming Rights
O Corinthians tenta vender os direitos do nome da
Arena em Itaquera há mais de quatro anos, desde o início da construção
do estádio.
Os valores pedidos pelo clube, de R$ 400 milhões por
20 anos, ajudariam muito no pagamento da obra. Na verdade, adiantariam
este pagamento.
Quem controla a Arena?
Ao contrário do que muitos pensam, não é só o
Corinthians. É um fundo administrado separadamente do clube e que conta
com três sócios: Corinthians, Odebrecht (construtora responsável pela
obra) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que
emprestou dinheiro para a obra).
A empresa que comprar os direitos do nome da Arena,
não apenas emprestará sua marca, mas se tornará uma das sócias deste
fundo. Com direito a lucro com venda de ingressos, camarotes no estádio,
visitas programadas, ações de marketing, etc.
Não é como comprar uma placa de publicidade, como alguns imaginam. É se tornar parte do estádio.
Para que isso aconteça, a empresa precisa cumprir
alguns compromissos, pois se tornará parte de uma parceria
público-privada. O BNDES, por exemplo, exige que a empresa candidata
tenha patrimônio comprovado no valor do dobro do patrocínio.
Se o valor é de R$ 400 milhões, o patrimônio da
empresa, dentro do Brasil, tem que ser de R$800 milhões. Esta é uma
garantia exigida pelo banco.
Outra exigência, que faz com que o processo se
arraste: cada empresa candidata tem o tempo de três meses para
apresentar e defender sua proposta. Cada novo candidato, então, demora
três meses (!) para mostrar seu projeto para o fundo.
Vamos então aos interessados. Pouquíssimas empresas
no Brasil tem o patrimônio exigido pelo banco público. Na maioria,
empresas do setor financeiro (Santander, Bradesco, Itaú, etc).
A empresa também não pode ter dívidas públicas.
Precisa estar em dia com todas as obrigações, o que é muito difícil em
se tratando de corporações nacionais.
Mais um problema: a Caixa Econômica Federal,
patrocinadora principal da camisa do clube e que paga R$ 35 milhões
anuais ao Corinthians, precisa avalizar o nome da empresa. Como a Caixa
aceitará que o estádio tenha o nome de outro banco?
Tive a informação que a Caixa renovará seu contrato
em 2016, mas em 2017 estará fora da camisa do Corinthians, fato que já
foi avisado à diretoria.
A Klar, que de empresa desconhecida virou assunto na
mídia pela entrevista de seu presidente Marcelo Prado à Rádio
Transamérica na última segunda-feira, disse ter feito proposta, mas
dificilmente passará por estes estágios de exigências descrito acima.
Uma solução seria procurar a AmBev, empresa
brasileira com enorme patrimônio, mas que já afirmou não se interessar
pelo negócio. Concorrentes do setor de bebidas? Pode ser.
Hoje a principal empresa interessada é o Banco
Santander. O negócio esbarra no veto da Caixa. Pode acontecer em 2017,
ou os responsáveis pela negociação podem promover um acordo entre os
bancos.
Enfim, é um negócio mais complicado do que parece à
primeira vista, e espero ter ajudado a explicá-lo um pouco aqui neste
espaço.
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