Transexuais do desporto
A questão
de gênero ainda é pouco discutida na sociedade, ainda mais quando relacionada
ao desporto, onde o conservadorismo impera e as mudanças, quando ocorrem, são
extremamente vagarosas. Há cerca de algumas semanas da realização da Semana da
Diversidade na UNESP Franca, o assunto desporto e transexualidade mais do que
nunca deve ser trazido à tona.
A
disforia de gênero na transexualidade é causada por uma discordância entre dois
sistemas biológicos: o neural e o genital, tendo em mente que a determinação do
gênero não decorre exclusivamente das características anatômicas, mas de
diversos outros fatores. A Organização Mundial da Saúde já dá sinais de sua “despatologização”
e na próxima edição da CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), a
transexualidade deixará de ser considerado um transtorno. A notícia promete causar
polêmica pelo fato de, inserida em outra classificação, ficar fora da cobertura
dos sistemas de saúde.
No
desporto, um grande avanço ocorreu em 2004, quando o Comitê Olímpico
Internacional aprovou a participação de pessoas que fizeram cirurgia para
alteração sexual nos Jogos Olímpicos, a partir desse fato duas fortes correntes se formaram.
Na
primeira, afirma-se que os transexuais podem participar ativamente pelo lazer,
mas não pela glória no desporto, tendo em vista possíveis vantagens de
desempenho. A
segunda, sustentada por especialistas e pelo próprio COI, legitima a
competição do indivíduo após comprovadas algumas exigências médicas.
Quando
a cirurgia é realizada antes da puberdade, há consenso que o
indivíduo deve ser tratado como se pertencesse ao sexo alterado. Nos
casos de
cirurgias após o advento da puberdade, há o fato realizado por um
indivíduo com características anatômicas masculinas anteriores, em que
poucas exigência são determinadas. Em caso contrário, três condições são
impostas pelo fato de haver a influência de hormônios determinantes
para a formação biológica do
gênero que gerarão vantagens no rendimento.
Esse requisitos decorrem do aumento relativo de massa corporal magra nos meninos e de gordura
corporal nas meninas que acabam refletindo na diminuição da resistência
muscular, força e velocidade, em comparação ao que ocorre com os primeiros.
O livro Tratado de Fisiologia Médica,
de Arthur Guyton, explica, de maneira geral, que a força muscular, ventilação
pulmonar e débito cardíaco estão principalmente relacionados à massa muscular.
Portanto, a maior diferença no rendimento final reside na maior concentração
muscular masculina e isso se deve a diferenças endócrinas, ou seja, hormonais.
A
primeira condição de eleição é que a cirurgia anatômica seja completa,
incluindo a alteração da genitália externa e a gonadectomia (ablação dos
testículos). A segunda é o reconhecimento oficial das autoridades e, num último
momento, é necessário o submetimento à terapias hormonais adequadas, confiáveis
e num tempo considerável, a fim de minimizar as vantagens atinentes ao gênero.
O
indivíduo se torna elegível num período não menor que dois anos após a
gonadectomia e depois de ser submetido a uma avaliação confidencial e
individual. Caso o gênero do atleta seja questionado, a delegação médica terá
autoridade para tomar as decisões necessárias no sentido de se determinar o
sexo do competidor.
O
transexual não é simplesmente alguém que queira mudar de sexo, menos ainda quem
busca vantagens em competições desportivas. O transexual é um ser humano que
sofre com uma anomalia relacionada com a divergência entre a programação sexual
do cérebro e seu órgão genital. Um homem no corpo de uma mulher ou uma mulher
no corpo de um homem.
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